CHAROLÊS
- ASSOCIAÇÕES
Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares
A raça Charolesa teve seu livro de registro genealógico aberto no ano de
1927. A ANC desde então vem efetuando o registro genealógico da raça no Brasil.
Associação Brasileira de Criadores de Charolês
A Associação Brasileira de
Criadores de Charolês (ABCC) foi fundada por produtores rurais gaúchos em 15 de
dezembro de 1958, no município de Júlio de Castilhos, estado do Rio Grande do
Sul (RS). Atualmente, a ABCC tem sede administrativa localizada em Esteio, no
Parque de Exposições Assis Brasil, na região Metropolitana de Porto Alegre, Rio
Grande do Sul.
Para maiores informações sobre a raça Charolesa, contate a ABCC
diretamente pelo e-mail charoles@charoles.org.br ou através do site www.charoles.org.br.
- ORIGEM DA RAÇA CHAROLÊS
A raça Charolês é originária da França, mais precisamente de Charolais e
Brionais, Departamento de Saône-et-Loire, no Distrito de Charolles. Muito
antiga, dela existem pré-históricos na Suíça. Desenvolveu-se na França a partir
do século XVIII, como excelente fornecedor de carne e animal de tração. Por ser
bovino musculoso, sem tendência a depositar gordura na superfície, sua seleção começou
a ser orientada há três séculos.
- HISTÓRIA DA RAÇA
A raça tem evoluído lentamente desde o passado, mas com maior rapidez no
presente século, á partir de uma raça antiga de coloração creme que habitava a
comarca de Charolais. Esta forma ancestral provavelmente tinha muitas
características comuns com o gado Simental da Suíça e Alemanha.
Os animais que deram inicio a raça foram cruzados em grau limitado com
animais da raça Shorthorn brancos por volta do ano de 1863, sendo comum animais
com as características desta raça britânica na época, após se procedeu uma
seleção para velocidade de crescimento e qualidade de carne.
A cidade de Charolle, localizada a aproximadamente 100 km ao nordeste de
Lyons, é a antiga capital da antes chamada Província de Charolais. Na metade do
século XVIII, o gado Charolês puro era criado por apenas nove comunidades de
fazendeiros progressistas, em uma pequena área com de clima e solo muito bons.
Constitui-se em uma das raças francesas mais antigas. Originalmente um
animal de triplo propósito, fornecendo carne, leite e trabalho, sendo depois
selecionado apenas para carne.
O bovino Charolês foi reconhecido em 1770 como uma raça pura distinta na
região próxima à localidade de Charolles, de onde a raça deriva seu nome.
Entretanto não foi difundido até o ano de 1830, pois apenas à partir desta data
a região recebeu estradas melhoradas, tirando a raça do isolamento físico a
qual era mantida até então.
O registro genealógico foi aberto em 1864 na França, onde existem mais
de 2.5 milhões de cabeças, e a Associação de Criadores foi fundada por volta de
1880.
A melhora da qualidade permitiu, de 1920 em diante, a opção do Charolês
unicamente como gado de corte. O aperfeiçoamento de sua estrutura corpórea,
espessura da abundante massa muscular, peito profundo, membros longos,
favoreceram muito a criação da raça - facilitavam seu deslocamento nas
pastagens em busca de água em pontos mais distantes.
- INTRODUÇÃO NO BRASIL
Sendo bovinos grandes e pesados, bem adaptados para a produção de carne,
o Charolês estava entre as primeiras importações feitas a partir da Europa,
pelos produtores de gado de corte, visando adicionar peso e tamanho a nossos
rebanhos.
Os primeiros animais desta raça a desembarcarem no Continente americano
foram importados pelo Brasil em 1879, seguindo-se então, diversas outras
importações para a América do Sul.
Em 1902, Cypriano de Souza Mascarenhas iniciou sua criação, adquirindo
touros vindos do Uruguai, o que, com o correr dos anos, veio a se tornar o
maior rebanho do mundo para esta raça: 10.000 reses.
No ano de 1927 foi aberto no Brasil o "Herd Book" da
raça com dois ventres importados da França e, logo em seguida, foram
registrados os demais touros importados previamente pelos criadores
brasileiros. O primeiro produto puro nascido e registrado no pais foi
"ARARA", fêmea nascida em 20 de maio de 1928.
No Brasil, a porta de entrada do Charolês foi o Rio Grande do Sul. De
acordo com arquivos da Escola de Agronomia "Elyseu Maciel" (atual
Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, UFPel) da cidade de Pelotas, no ano de
1885 chegaram àquela cidade dois reprodutores Charolês, importados da França
pelo governo Imperial. Os dois reprodutores foram confiados a dois estancieiros
de renome na época: Heleodoro de Azevedo, Souza e Mancio de Oliveira. Da
continuidade daquelas criações não se tem notícias.
No Rio Grande do Sul, o crescimento da raça foi de tal porte que nele
vamos encontrar o maior rebanho de Charolês do mundo. Com adeptos em todos os
Estados brasileiros, o Charolês chega também ao Norte e Nordeste.
A raça foi introduzida no ano de 1962 na Bahia, através de Vitória da
Conquista, expandindo-se também a Sergipe, Ceará, Maranhão e Pará.
Atribui-se a importação do Governo Imperial à influência do médico
veterinário Mr. Claude Rebougeon. Este técnico francês foi contratado pelo
Governo do Império para estudar a localização de uma escola de Agronomia e
Veterinária no Rio Grande do Sul.
Na época, Pelotas concentrava todos os estabelecimentos industrializados
de carne no Estado: as charqueadas. Por este motivo a região foi escolhida. Não
há dúvidas quanto à influência do veterinário francês na importação.
Contam os antigos estancieiros da região que o gado branco ou barroso
era denominado de "gado Rebourgeon". No fim do século passado e nos
primeiros anos do decorrente, a Sociedade Agrícola e Pastoril, em Pelotas,
editava uma revista que tratava de assuntos agropastoris. Muitas vezes, a
revista publicava artigos assinados por "Gé de Figueiredo" , ou
simplesmente "Gé", que além de assuntos gerais referentes à pecuária,
costumava fazer referências elogiosas aos cruzamentos com o Charolês, quando na
época, os cruzamentos eram praticados com raças britânicas Hereford e Durham.
"Gé de Figueiredo" era o pseudônimo usado por João de Souza
Mascarenhas, jovem apaixonado pelos problemas da pecuária, paixão que conservou
durante toda vida. Alguns estancieiros se interessavam pelos comentários de
"Gé" pedindo-lhe endereços de criadores de Charolês. A estes era
fornecido o endereço de Anibal José de Souza, brasileiro radicado no Uruguai,
com criação há tanto tempo que já produzia touros puros por cruza, no fim do
século passado.
Em 1901, "Don" Aníbal enviou a seu sobrinho, João de Souza
Mascarenhas, cinco exemplares da raça, todos puros por cruza, sendo quatro
novilhas e um tourinho. Na época, João Mascarenhas não era criado, mas
comerciante de gado na Estância Capão Alto, no município de Bagé. Por isto, os
cinco animais ao seu irmão, Cypriano de Souza Mascarenhas, estancieiro do
município de Júlio de Castilhos. Ele estava procedendo cruzamentos do gado
comum - "crioulo" ou "Franqueiro"- com touros Hereford e
Durham, importados do Uruguai. Usou o tourinho Charolês em vacas crioulas. Os
produtos obtidos desta cruza apresentavam-se muito mais desenvolvidos do que os
obtidos com a cruza das raças inglesas.
Em vista do bom resultado obtido com este cruzamento experimental,
Cypriano encomendou a seu tio Aníbal dez touros puros por cruza.
A importação ocorreu no ano de 1904, considerada a data da primeira
importação de Charolês para o Estado do Rio Grande do Sul. No ano de 1906,
Cypriano adquiriu da mesma procedência cinqüenta touros. Em 1910, tendo
resolvido utilizar somente reprodutores Charolês em sua estância, encomendou os
cinqüenta reprodutores. Neste ano, Don Anibal não criava mais Charolês.
A propaganda das raças inglesas, promovida no Uruguai pelos
frigoríficos, todos de firma britânicas, desestimulava a utilização de outras
raças. Naquela época, buscavam-se bovinos que produzissem carne com grande
cobertura de gordura, que era exigência do mercado consumidor europeu.
Esta característica a raça Charolês não possuía e não possui. Em vista
disto, Cypriano viu-se na contingência de ir buscar reprodutores no país de
origem da raça. Para tanto, no ano de 1911, importou da França dois tourinhos.
Foi a primeira importação de Charolês promovida por um particular. No ano de
1913, mais dois tourinhos foram importados pelo mesmo criador, da mesma
procedência.
Com o advento da Primeira Grande Guerra, as importações tornaram-se
impraticáveis. Dois anos após terminada a guerra, em 1918, Cypriano reiniciou
as importações, sempre com dois reprodutores.
No ano de 1927 foram importadas da França duas novilhas, o que
possibilitou a abertura do Herd Book da raça no Brasil. Em 1922, por ocasião da
Grande Exposição Nacional, realizada no Rio de Janeiro, promovida pelo Governo
Federal, fazendo parte do centenário da Independência Nacional, juntamente com
outras comemorações, a França apresentou um plantel de 20 exemplares da raça.
Concluída a exposição, o mencionado plantel foi doado pelo governo da França ao
Governo Brasileiro.
O plantel foi conduzido a uma estância que o Ministério da Agricultura
possuía no Estado de Goiás, provavelmente conhecida como Estância Urutaí. Mais
tarde, o plantel foi transferido para a Estação Experimental de São Carlos, em
São Paulo, também do Ministério da Agricultura. Em 1931, os animais foram
transferidos para Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, que o
concentrou no Posto Zootécnico da Serra, em Tupanciretã, atual Estação
Experimental Zootécnica daquela cidade. Os animais somavam 31 ou 32 fêmeas de
todas as idades. O plantel continuou na referida estação, atualmente
constituído por algumas dezenas de exemplares, que prestam bons serviços à
criação do Charolês no Estado.
Depois de 1920, diversos criadores importaram animais da raça da França.
Entre os pioneiros estavam: Izidro Kurtz, coronel Quinca de Lima, Carlos Gomes
de Abreu. Ao se falar na história do Charolês no Estado, impõe-se mencionar um
a cabanha que foi, sem dúvidas, a maior difusora da raça no Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Tendo inclusive realizado promoções no
Uruguai e Argentina. A referência é da Cabanha Santa Marta, de Pacífico de
Assis Berni, de Santa Maria. Fundada em 1954, a Cabanha Santa Marta promoveu
inúmeras importações de exemplares da França, vendendo-os em leilões
memoráveis.
Atualmente, o Herd Book Charolês já ultrapassou o número de 250.000 em
seus registros.
- PADRÃO RACIAL
Características Gerais
O charolês é um bovino de cor branca (creme), grande peso,
desenvolvimento muscular pronunciado e sem acúmulo de gordura, precoce e
especializado em carne, destacando-se pelo grande rendimento de carcaça.
Seu esqueleto é muito desenvolvido, tendo ossatura pronunciada. Em seu
conjunto, é um animal volumoso, esqueleto e musculatura destacada, excelente
tamanho (altura, comprimento) com diâmetros transversais moderadamente amplos e
plano superior e inferior retos.
Características Zootécnicas
Cabeça - Harmônica, com expressão masculina nos
machos e feminina nas fêmeas. Frente ampla, nuca reta, orelhas de bom tamanho
(em forma de palmatória), olhos grandes e tranqüilos. Focinho largo e
destacado, narinas distantes e bem separadas, boca ampla. Na variedade mocha, a
nuca apresenta-se arredondada.
Pescoço - Longilíneo e musculoso, bem implantado
no tórax, papada reduzida.
Chifres - Medianos, curvados para a
frente, sua base não pode ter diâmetro excessivo. Cor branca ou marfim, sendo
que na sua base admite-se coloração mais escura, mormente em animais mais velhos.
A variedade mocha pode apresentar rudimentos desde que completamente soltos
(batoques).
Corpo - Amplo e cilíndrico; lombo reto, largo e
musculoso, rins largos. Garupa ampla e retangular, bem coberta de carne. Tórax
amplo e profundo, com costelas separadas, sem depressão atrás das espáduas.
Posterior (quartos) com musculatura pronunciada e perfil convexo, massas
musculares baixando até o jarrete, este forte e com grande diâmetro. Cola larga
na base, bem inserida na garupa.
Membros - Fortes, bem aprumados, com cascos na
cor marrom muito claro, sem listras ou manchas.
Mucosas - Rosadas, sem pigmentação, às vezes com
algumas "sardas".
Manchas Escuras - Somente nas pontas dos tetos e,
eventualmente, na vagina e escroto (tipo malha), o que não é desejável.
Pele - De boa espessura, suave e flexível, de
cor rosada, sendo encontradas eventualmente malhas de cor mais escura, o que
não é desejável.
Pelos - Normalmente curtos, brilhantes e de cor
branca ou creme. Não se admitem malhas escuras na pelagem.
Andar - Ágil e elegante, adequado a
movimentar-se em grandes áreas à procura de alimento.
- CARACTERÍSTCAS DA RAÇA
O gado Charolês sempre se manteve primordialmente como uma raça
produtora de carne, tanto a pasto quanto estabulado.
A novilhas parem pela primeira vez aos 3 anos, desde que recebam
alimentação satisfatória. O peso médio encontrado na literatura para os machos
é de 45 kg e para as fêmeas é de 42 kg. A raça é conhecida por ter propensão a
partos gemelares.
No que se refere à produção de leite, em geral, as vacas produzem o
suficiente para criar um terneiro por ano, com rendimento estimado em 3.000
litros por lactação.
A raça é extremamente versátil em termos de manejo, cruzamentos com
outras raças, alimentação e mudanças de clima. Através das avaliações genéticas
e do melhoramento da raça o Charolês atual pode oferecer à indústria de carne
bovina, genética para velocidade de crescimento e eficiência alimentar,
características bastante procuradas pelos produtores comerciais e pelos
confinadores.
No que diz respeito ao fato da introdução de sangue Shorthorn no início
da formação da raça para dar uma maior rapidez de apronte aos animais, o
Charolês ainda continua sendo uma raça mais tardia, entretanto com a vantagem
de que os animais estão o suficientemente pesados antes de iniciar a depositar
gordura excessiva, aliando o fato de que não necessitam receber hormônios para
ter uma maior deposição de gordura nos quartos traseiros.
Esta musculosidade é fortemente marcada na progênie dos cruzamentos em
que o Charolês é usado, especialmente a idade de seis semanas.
A pelagem é também uma característica da raça que é passada a progênie.
Animais com gene de pelagem vermelha ou preta, são diluídos em padrões creme,
avermelhados, ou lobunos (fumaça).
O gado Charolês engorda satisfatoriamente, produzindo carcaça de
excelente qualidade. Ainda que esta apresente uma elevada proporção de gordura
intramuscular (marmorização ), seus depósitos superficiais são excepcionalmente
escassos. A palatabilidade de sua carne é considerada das melhores.
Suas principais características são a pelagem branca, grande porte,
tanto na altura como no comprimento. O Charolês ainda se destaca por sua
estrutura óssea e musculatura, excelente rendimento de carcaça e precocidade
nos cruzamentos e nos abates.
A raça Charolesa é estudada no "Meat Animal Research Center"
(MARC), Clay Center, Nebraska - USA, os principais dados de performance da raça
estão citadas meste link.
O Polled Charolês ou Charolês mocho, tem geralmente um esqueleto mais
fino que o tipo original aspado, alguns criadores ingleses e franceses usaram a
raça britânica Lincoln Red para introduzir o fator mocho na raça que é
originalmente aspada.